quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Para o Seto (I)

por Israel Reinstein (copiado do blog do Zé Beto):

Conheci o Seto quando descobri a Tribuna. Era adolescente e ficava impressionado com os desenhos na capa do jornal. Tempo depois, já formado, encontrei o japa na redação do Estadinho. Foi quando vi que o cartunista também era um bom prosador. Com tempo percebi que ele tinha o hábito de colocar cores em tudo. Incusive, na biografia dele. Das horas de prosa, antes do fechamento, não esqueço quando contou a fábula da vida dele e os motivos que escolheu Curitiba para viver. Com os olhos arregalados, Seto acreditou que Curitiba era Shangri-La, a cidade perfeita e receptiva. A mística cidade era um sonho imaginário, que Seto conhecera com o avô. Todas as noites, o avô repetia a mesma história ao cartunista, da cidade em que todos se abraçavam, se ajudavam e viviam em harmonia. Seto desembarcou em Curitiba às vésperas da grande neve em Curitiba. Ao acordar, todos estavam felizes em ver as ruas, carros e telhados brancos com os flocos de gelo. O japa do Interior saiu pela rua e foi abraçado, convidado a tomar café de graça e a conversar com as pessoas. Foi quando Seto disse: “Aqui é Shangri-La!” Mas a vida foi cruel. A neve derretou o sonho de Shangri-La. Então, Seto usou suas armas e traçou as mazelas de Curitiba. Talvez porque queria desenhar o que deveria ser expurgado da cidade, que um dia foi Shangri-La. Vai em paz Seto. Voa em tua garça da sorte.

Um comentário:

Israel Reinstein disse...

Grande Simon!


Só hoje vi que você publicou o texto. Obrigado por dedicar este espaço para homenagear o Seto. No mais um abraço e se esquecer de enviar mensagem (será que já esqueci??) Feliz aniversário.