Caros, esta semana temos uma entrevista com um dos maiores chargistas do Paraná, especificamente Curitiba, e porque não, do Brasil. Trata-se de Simon Taylor. Conheci Simon Taylor num treinamento especial para a Folha de São Paulo, aliás, o grupo era composto por pessoas de várias partes do Brasil e foi muito divertido. No encerramento fomos para a casa do então Editor de Artes da Folha, o italianíssimo Massimo Gentile, onde degustamos várias garrafas de vinho e ouvimos muito rock and roll dos anos 70 e 80.
Clube do Designer - Simon, conte como começou sua história com o design gráfico, a charge e a Ilustração.
Simon Taylor - Well... tudo começou quando eu tinha uns dois anos, acho. Com os primeiros desenhos – se é que podiam ser chamados de desenhos! Mas já eram rabiscos um pouco melhores que a média, pra uma criança de dois anos. Logo depois vieram os gibis, esses sim, uma verdadeira fonte de inspiração. Puxa, lembro até hoje a emoção de ver aqueles desenhos do Jack Kirby, John Byrne, Frank Miller, Bill Sienkiewicz e tantos outros... quando cresci um pouquinho, vieram os cartunistas e o começo da consciência política. Dessa época até hoje, meu grande herói é o Henfil, o cara que consegue fazer o impossível com meia dúzia de traços, o cara que, como todo gênio, eleva o simples ao impossível.
CD - E a profissionalização?
ST - Bom, foi um lance meio de episódio de sitcom. Eu também sou músico, toco desde os 13 anos. Estava numa fase de baixa na música e resolvi ativar meu lance com desenho. Vi um classificado no jornal onde pediam “chargista para jornal diário”. Fui lá, fiz a entrevista e, um dia depois, já estava trabalhando, simples assim! É claro que era um jornal minúsculo, A Folha da Imprensa, já extinto, mas foi uma experiência riquíssima, até porque foi um pouco antes dos computadores (1996), então tive a chance de trabalhar com o Past-Up. Os mais antigos saberão do que eu estou falando! Heheeheh olha, eu só podia trabalhar com o pretão do nanquim, então pedia pra um cara imprimir um falso dégradé no Corel Ventura (!) e recortava-o com estilete pra colar atrás do desenho, só pra dar alguma vida à charge. Tempos que parecem a pré-história, mas foi só há 15 anos!
CD - Qual a sua formação?
Nenhuma, zero. Não tenho nem o segundo grau completo! Quando todo mundo estava fazendo faculdade eu já estava trabalhando. Todo o resto (redação, programas, traço, etc...) veio na prática. Mas se tem alguma coisa que eu posso dizer que chegou perto disso foi que, em 2003, eu fui selecionado entre mais de 600 candidatos para ser trainee em jornalismo gráfico da Folha de S. Paulo. Vim para Sampa, aprendi muito primeiramente na Impacta com um cara muito bom, o Eduardo Engelmann, você conhece? Heheeh – e depois com o Massimo Gentile, editor de arte da Folha à época. Um período realmente maravilhoso de muito aprendizado.
CD - E porque você não ficou na Folha, não pintou o convite?
ST - Pintou sim, dois convites: um quando terminei o curso e outro, dois meses depois. Essa é uma coisa que eu tenho meio atravessada na garganta, mas a verdade é que, pra um curitibano da gema como eu, São Paulo, que eu amo, é uma cidade muito frenética em todos os sentidos pra se viver. Então, quando eu vou até aí, adoro, mas a idéia de deixar a cidade que eu amo, meus amigos, família, esposa e filha foi um pouco demais pra mim. Sem contar que eu já estou bastante estabelecido por aqui e, com a internet, estou sempre fazendo um ou outro trabalho pra vários outros estados.
CD - E a parte de diagramação e jornalismo gráfico, como aconteceu?
ST - Bom, foi meio natural. De tanto trabalhar em redações de jornal, comecei a me interessar pelo desenho de um jornal, de uma revista. Quando vi, já estava batendo um papo com o nosso velho e falecido amigo PageMaker. Sabe, não vejo assim tantas diferenças entre essas áreas (a ilustração, a charge e o design gráfico). E o mais legal é quando eu consigo aliar elas.
CD - Que programas você usa?
ST - No desenho, ainda continuo fazendo o traço a mão e uso o Photoshop para cor, efeitos e acabamento. Para diagramação, uso o InDesign CS5 e, quando preciso de vetor, o Illustrator CS5. Mas não sou baba-ovo de programa, não. Vejo por aí muita discussão sobre esse ou aquele programa, sob PC ou Mac... acho que isso já ta ficando como papo de religião. Claro que os programas são ótimos, as máquinas também, mas são apenas ferramentas. Penso que teríamos que gastar mais tempo e energia discutindo o fim, e não o meio.
CD - Ótimo. Alguma coisa para acrescentar?
ST - Bom, quero dizer que esta primeira entrevista pro Clube do Designer me deixou muito honrado e que estou adorando fazer parte deste grupo de pessoas com o design e suas várias formas como interesse em comum. Se tudo der certo, quero agitar o pessoal de Curitiba com algum evento por aqui! Vamos que vamos! Ah, e também confiram minhas atividades no www.blogdosimontaylor.blogspot.com.
CD – Obrigado Simon, nos aguarde ai em Curitiba. E ele esqueceu de falar do livro que ele vai lançar (aguardem) e também do site: http://www.simontaylor.com.br/
Link desta entrevista: http://www.clubedodesigner.com.br/profiles/blogs/entrevista-simon-taylor-a
2 comentários:
Grande Simon!
Parabéns, quem tem talento merece reconhecimento! :)
Legal este Clube do Designer, vou participar.
Um Abraço!
-Noviski-
Maravilha, Noviski!
A entrevista foi um colher de chá do meu mestre Eduardo Engelmann, uma grande figura. Não mereço tanto! heheehe
Abração!
Simon
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