quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Para o Seto (II)


Morreu o Claudio Seto.
Que tristeza me deu quando li a notícia na segunda de manhã. Imediatamente me lembrei do meu pai chegando em casa na hora do almoço, trazendo um exemplar do Correio de Notícias cheio de charges políticas do Claudio Seto, o mesmo cara de quem o pai tinha comprado um quadro maravilhoso, que está na sala de casa até hoje. Eu devia ter uns 12 anos. As charges me saltavam aos olhos como água no deserto. Que sensação maravilhosa. Estava decidido, era aquilo que eu queria ser: chargista!
Anos mais tarde, já no hora H, comecei a trabalhar como o grande Ricardo Prefeito, que eu descobri que era o parceiro de criação do Seto naquelas charges fantásticas. Uma das mais memoráveis mostrava o Caudilho Leonel Brizola tomando chimarrão em uma cuia com o formato da cabeça de seu afilhado na época, o Jaime Lerner. Que honra, eu, em um lugar que um dia foi do Seto! Ainda no hora H, o Cícero Cattani, de quando em quando, se embaralhava com as palavras e me chamava de Seto. Mal sabia ele o quanto me deixava envaidecido....
Belo dia, o Ricardo me convidou para o lançamento de um livro onde o chargista contava a história dos primeiros imigrantes japoneses no Paraná. Era minha chance. Iria, finalmente, conhecer um de meus ídolos. Para minha minha surpresa, ele já me conhecia: "Ah, esse é o Simon!". Eu não coube em mim mesmo.
Infelizmente, nunca mais voltei a conversar com o "Mestre". Mas é bom saber que muito de seu trabalho vai continuar na minha memória, na sala da casa dos meus pais e nas charges que pretendo continuar a fazer até, quem sabe um dia, atingir a excelência do Seto.
Vai em paz, Mestre.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eh meu caro....quem tem essência tem tudo!! Que delícia de texto, que homenagem sensível!! Lindooo

Rebeca Salem