Caro Zé,
Conforme te falei, eu e a Kelly fomos assistir o Paul McCartney em Porto Alegre. Contar que foi daquelas experiências que qualquer um se lembrará pelo resto da vida é chover no molhado. Estamos falando aqui de um dos maiores espetáculos do planeta Terra. Som, iluminação e condições técnicas irretocáveis. Ser brindado por três horas daquela sequência matadora de sons que encantaram e continuam encantando qualquer ser humano não é pra qualquer um. E não pense que o repertório se limitou aos Beatles. É claro que pérolas como Paperback Writer, Day Triper, Hey Jude, All my Loving, I’ve Got a Feeling e tantas outras fizeram nossa alegria, mas quase metade do show é dedicada a carreira solo e Wings, a banda setentista do velho Macca. Band on the Run, Let me Roll It, Jet, Live and let Die e tantas outras foram deslumbrantes ao vivo. Mas, como bem disse uma colunista do Zero Hora, Paul está com o radar sempre voltado para o futuro, por isso foi e sempre será um Beatle. Músicas do projeto “underground” Fireman são uma fusão perfeita de rock clássico e vanguarda. Sign the Changes é uma espécie de hino de boas vindas aos novos tempos. Paul entende disso.
Pra não me estender muito, vou te contar que o que mais encantou o público foi a simpatia de Sir Paul. O inglês falou em português a maior parte do show. Conquistou os gaúchos com vários “Bah, tchê” e “Tri legal”. O auge foi quando chamou ao palco duas sortudas (uma gaúcha e outra catarinense) que pediam autógrafos em seus braços para que virassem tatuagens. Pedido feito, pedido atendido. Em momentos de pura emoção, as duas subiram ao palco e, entre lágrimas de felicidade, foram presenteadas pelo ídolo. Mesmo matando para estar no lugar de uma delas, era obvio que a alegria das duas era a alegria de cada um de nós na platéia.
Hoje de manhã, conferi na imprensa as fotos da gaúcha sendo tatuada. Coisa engraçada. Não é que esse ato tem uma simbologia danada? Explico: apesar de não ter meu braço tatuado com a assinatura de Paul, eu e tantos milhares ao redor do planeta temos o coração eternamente tatuado pelas suas canções. No meu caso específico, como você bem sabe, o instrumento usado para o trabalho foi o Hofner velho de guerra.
Bem, apesar da unanimidade (aquela, do Nelson Rodrigues) afirmar que esta foi a última vez que assistimos o Beatle ao vivo – afinal, Paul já está com quase 70 anos… –, serei voz dissonante: duvido. Com o pique e o vigor que esse garoto de Liverpool demonstrou no domingo, não será de estranhar uma nova turnê sul-americana em cinco ou dez anos. E uma coisa posso te garantir: eu vou!
Um abraço... Simon
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